Parte I
Meu principio, sem meio, nem fim
Era uma manha normal de outono, as folhas caiam e sorrisos se espalhavam pelo recinto daquela pequena sala, Jennifer estava a completar seus 11 anos e vários de nossos parentes que nunca mais havíamos visto estavam ali, principalmente os que moravam mais distantes como a tia Carie e seus filhos Bernardo e Caroline que moravam no Brasil - ela se divorciara antes dos gêmeos nascerem, mas sempre viveu bem de vida e não trocaria jamais sua cidade natal por a Flórida - Jenny era minha irmã mais velha, logo atras vinha o Calleb, depois a mim, o retrato que nossa familia passava era de felicidade, harmonia e união, mas era apenas fragmentos, aparências que meus pais tentavam passar, por que na realidade essas três palavras iniciais nunca fizeram parte de nosso cotidiano.
Minha mãe nunca foi um exemplo de perfeição, aos 18 anos fugiu de casa pra viver um romance tipico de adolescente, mas acabou sem nada, o pai da Jennifer a usou pra conseguir algum dinheiro pra se drogar em troca de juras de amor que fazia a ela e boba e inconsequente - caiu - não sei se alguem um dia possa culpa-la por isso, muitos dizem que o amor leva você a fazer coisas tolas, principalmente se houver entrega de ambas as partes. Aos 19 teve a Jenny, muitos dizem que ela teve sorte por a familia ter a acolhido depois do incidente, mas familia que é familia nunca deixa nada de mal acontecer aos que amam, quando chegara finalmente aos 20 e se via longe de todas as drogas conheceu Levine no qual se casou no mesmo ano, todos diziam que eles se completavam e que nunca tinham visto nada igual, dessa união vieram o Calleb e eu, nesse tempo, o retrato de familia perfeita ainda era forte até meu pai conhecer Las Vegas e se afundar em jogos e bebidas, o vicio era incontrolavel, minha mãe tentava por dias encontrar uma solução, mas era em vão, ele ja havia caido em toda decadência e nada o tiraria daquela vida, nossa familia estava praticamente falida.
Levine, meu pai, estava com seus cabelos arrumados para tentar disfarçar a ressaca que estava passando, vestido numa camisa bem passada que mostrava um lado paternal sorria para os nossos familiares que ali estavam com seus dentes ja meio amarelados por conta dos vicios.
- Obrigado tia Carie - gritava Jenny animada quando seus olhos se deparam ao presente que estava escondido dentro de uma caixa enorme a sua frente, a casa da Barbie, o sonho de qualquer menina da nossa idade, até o meu, mas ela nunca foi de dividir nada comigo, eramos quase como inimigas naquela casa ou como minha mãe mesmo dizia, viviamos como cão e gato.
- Não precisa agradecer queria, que bom que gostou - proferia tia Carie no seu sotaque brasileiro que nunca perdera, beirando seus quase 40 anos sua pele bronzeada dava um aspecto de um mulher bem mais jovem, seus olhos cinzas que herdara de nosso avó fitava alegremente a criança a sua frente, Caroline e Bernardo forçavam um sorriso para sua prima, eles tambem não gostavam muito da Jenny, mas fingiam muito bem.
As horas pareciam se arrastar como meses, a felicidade de Jenny ja virava enjoativa, aquele sorriso de seu rosto encomodava até os de ego mais forte, parecia que nada podia derruba-la, como uma rainha em seu trono, ela sempre foi a melhor, a mais querida - não falo isso por inveja - mas nunca entendi ao certo o que tinha feito de errado, sempre tentei tirar boas notas, me comportar bem, mas todas as bem feitorias vistas eram sempre da Jennifer, as vezes tinha a ligeira desconfiança de ter nascido na familia errada ou cheguei a me perguntar se não fui adotada, mas sempre tinha esperança que um dia tudo isso fosse mudar, ninguem sobe muito pisando nos outros, logo cansamos e levantamos fazendo a pessoa tropeçar no proprio ego, era isso que eu queria fazer, mas não sabia direito como.
Todos ja estavam se recolhendo para os quartos reservas que tinhamos naquela casa, o que ainda nos restava livre das apostas de meu pai, muitas vezes pensava se algum dia ele resolvesse apostar nossa casa, seria o fim para todos nos e a destruição do que ainda restava daquela familia, Caroline e Bernardo estavam adormecidos no sofá, suas faces lembravam a de dois pequenos querubins com seus cabelos loiros claros e faces ruborizadas com sorrisos adormecidos, era impressionante como podiam ser tão parecidos apesar de serem de gêneros diferentes, tia Carie os observava orgulhosa enquanto passava a mão por seus cabelos e beijava de leve suas faces os cobrindo com um cobertor de lã que minha mãe a tinha entregado e logo após sobe para um dos quartos vazios, Jenny ja estava no quarto e tinha quase certeza que se não estivesse dormindo estaria me esperando para me passar na cara os presentes maravilhosos que havia ganhado naquela tarde, mas não queria ver aquela cena, então resolvi me aninhar no pequeno sofá vizinho aos gêmeos e observar o respirar calmo deles até pegar no sono, antes de adormecer queria prometer a mim mesma não sofrer mais nas mãos da Jenny e de nenhuma outra pessoas, mas as vezes somos mais fracos do que pensamos e acabamos quebrando promessas, naquela noite eu pedi a força e coragem que nunca tive pra seguir a vida e com quase 10 anos, ser a garota que nunca fui.
Minha prece não foi bem atendida do modo que quis, mal havia amanhecido e ouvia pancadas e gritos vindos do corredor, não era difícil reconhecer a voz de Levine bêbado a gritar com minha mãe, a tia Carie e os outros já haviam ido embora na madrugada de volta para o Brasil, nossos vizinhos podiam estar ouvindo toda aquela briga, mas não ousavam se meter onde não era assunto deles, as vezes queria que pelo menos um tomasse uma atitude de chamar a policia, pouparia o que viria pela frente.
- Você só reclama, reclama, eu estou cansado, cansado dessa vida de merda que levo nessa casa, nesse casamento, eu só podia estar cego em pensar que sentimentos traziam coisas boas, mas eu me enganei - gritava Levine olhando minha mãe nos olhos com ódio, eu não sabia bem como tudo aquilo tinha começado, mas ouvir tais palavras saírem de sua boca cortava o coração, eu pouco tinha idade para entender, mas vê-lo se referir a tudo que ja vivemos como se fosse um lixo, eu podia sentir raiva, repulsa e lagrimas começarem a escorrer por minha face morna.
- Você é um idiota, sua vida estar naquelas mesas de Cassino, aquela é sua vida, estamos falidos e prestes a cair na miséria por que você levou nossa vida a isso, merda é você, se afunde sozinho no que se tornou. - mal ela terminou de retrucar as palavras agressivas quando Levine deu-lhe um tapa forte fazendo com que as lagrimas acumuladas em seus olhos escorressem de vez, sua face havia ficado vermelha e o fitou com ainda mais ódio ao se lançar em sua direção, mas ele não deixaria barato, Levine nunca foi de se submeter a qualquer mulher, mesmo que a amasse, que no ponto que a situação estava, eu ja duvidava que neles podia ainda haver algum tipo de sentimento.
- Você nunca foi nada pra mim Bethany - Eu ja não sabia como reagir a tal situação, ele a agarrava pelo pescoço enquanto a batia varias vezes na face, seu nariz sangrava e estava de olhos fechados, eu não sabia ao certo se ela estava desacordada ou tentava de alguma maneira dentro de si conter a dor e pedir perdão, aquela era uma cena que nunca desejei que ninguem passasse, nem mesmo meu pior inimigo, foi disso que falei, uma hora o castelo desmorona e tudo vem a tona, meu ser eufórico de ver tudo aquilo acontecendo agiu por impulso indo em direção aos dois, pude ver minha mãe abrir devagar os olhos como se me sentisse e nos seus olhos pude ver varios tipo de sentimentos, mas o mais forte deles - proteção - ela tentou se esquivar com o resto de forças que ainda tinha para tentar impedir que Levine me atingisse, mas foi em vão.
Pude ver naquele momento o pai que tinha e aquele não era ele, não o reconhecia, não o via.
Seu braço vem em minha direção me acertando e me jogando contra a parede a ultima coisa que me lembro ter ouvido foi os soluços de minha mãe, do seu coração magoado que sangrava fortemente.
Sáb Dez 26, 2015 8:30 pm por Mackenzie A. Irvine
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