Crônicas de um Inconsequente PrólogoA lua mostrava-se pela metade, e o brilho já bastava para encantar aos amantes da noite, destacava-se ainda mais devido a grande cortina de névoa que banhava o céu, e contrastava perfeitamente com o tapete de neve que ainda se diluía da noite passada. Os passos pesados, não só devido a massa corporal, mais também às suas ultimas atitudes, faziam com que os pés afundassem causando a ele uma sensação oprimida, esta noite era como uma versão em paisagem de seu interior, gélido, misterioso, admirador das trevas. Suas vestes variavam do negro mais temeroso até um cinza não muito encantador. No bolso posterior da jaqueta guardava o maço de cigarros, e na boca já possuía um, esta já devia ser a quarta ou a quinta tragada, seus pensamentos já não lhe vinham com clareza, assim já não era quando sua mente estava em bom estado, o que dizer de seu psicológico ao ser intimado por algumas substancias.
Alguns poucos minutos e já era visível a fachada da casa, mesmo que embaçada. Seus passos tornaram-se menos apressados, carregava apenas a ardilosa e escassa vontade de viver. Ali a frente estariam esperando-o o pai, com a mesma ladainha de todas as noites da semana, bem, hoje ele teria uma desculpa, era noite de sábado.
O teto da varanda lhe poupara da frágil queda de neve que começara a instantes antes, mais que já deixavam rastros pelo couro escuro de sua jaqueta. Ele procura inquieto pela chave, deveria estar em seu bolso, talvez deixara cair ao puxar um cigarro, de que importava? Seu pai estava em casa, e ele já estava mesmo contentado com as broncas diárias, que diferença faria uma mais? Passou a mão pelos ombros livrando-se dos vestígios gelados da noite e bateu duas vezes. Segundos tediantes, mais o que era esta misera fração de tempo relacionada ao ultimo ano ?
A porta rompe o silencio provocando um ruído desagradável deveria lembrar seu pai de trocar as dobradiças, já estavam por demais degastadas, o vão permite que uma fresta de luz escape para fora, junto ao aroma de lavanda, era agradável, totalmente contrário à fragrância do sótão, lá não se podia distinguir um cheiro, era uma mistura alucinante do ilegal, era ali que se encontravam os que queriam fugir da vida tediosa daquela cidade, a casa abandonada, era afastada de tudo, e a maioria tinha pavor de certo lugar, era o refúgio perfeito.
Logo aquele aroma de lavanda deixa de ser único e se une ao de um mel, não o aroma de um mel qualquer, era doce, vicioso, completava qualquer desejo, era o mel do pecado, ele reconheceria este cheiro de qualquer lado da cidade, a quilômetros de distância.
Suas mãos não se contem com a velocidade com que a porta era aberta, o que faz com que o rapaz avance na maçaneta e empurre a porta de uma vez.
Seus olhos esbarraram na silhueta perfeita, só podia ser projeto dos deuses, tamanha desenvoltura não era meramente mortal. Seus olhos possuíam um brilho ofuscante, e se voz... bem, um encanto ensurdecedor, sabia que só necessitava de uma palavra, e as frases não mais fariam sentido, pois a voz lhe hipnotizava.
A melancolia de seus olhos refletia no sorriso bem emoldurado naqueles lábios carnudos. Desejava-os mais que tudo, desde sua infância. Era impossível pairar ali, fora da casa, enquanto seu refúgio absoluto se fazia presente ali diante dele, seus lábios curvaram-se dolorosamente dando forma a um sorriso raro, um de amor. Seus músculos estavam tensos, mais ao abraça-la, assemelhavam-se a um algodão embebido em água, puro, flexível.
- Cammie ! Não acredito que está mesmo aqui. – A Voz rouca ainda era a mesma, admitia Camille a si mesma, o que se diferia era a embriaguez entoada juntamente com sua lábia .
Ela estava feliz por estar ali, sentira falta do amigo, afinal, já faziam um ano e meio que não se viam, antes disto, o maior tempo que se distanciaram foram um ou dois meses devido as férias de verão, isto não os impedia de trocarem informações, os celulares eram eternos aliados. Mas desta vez... fora diferente. Kent não dera noticias a garota, e esta noite ela esperava saber o porque .
O abraço ia além do fraternal, trajava sentimentos de ambos os lados, sentimentos puros, mais que o tempo foi desgastado . Cammie os resguardava em segredo, preferia que o rapaz acreditasse que fora algo passageiro, e que logo já não existia, mais o fato real era que ele ainda estava ali presente, e tal como o que ele sentia, o dela também se ampliava a cada dia .
- Pois acredite, e você tem muito a me explicar. – Cammie soltou as palavras em meio a um suspiro preocupado e lhe deu um beliscão. O cheiro era forte, e já sentia-se um pouco tonta . Aproximou os lábios de seu ouvido e proferiu em voz baixa para que ninguém pudesse escutar, apenas ele. – Andou fumando? – Ela tinha certeza de que sim, mais Kent era teimoso, jamais admitiria o erro.
Ele levantou os olhos e cercou-a de uma troca de olhares conflituosa que fazia parceria a um leve arquear de sobrancelha.
- Vamos, me leve ao seu quarto, temos que conversar. - A garota insistia ao perceber que ele tentava fugir da pergunta.
- Já não estamos a fazer isto ? - Kent indagou as palavras, um ar de frieza era invocado ao espaço, era desagradavelmente notável nos olhos do garoto.
Camille já sem paciência o toma pelo braço, aquela casa jamais sofrera mudanças, e pelo pouco que sabia ainda era capaz de localizar os cômodos.
As escadas se estendiam por grande parte do caminho, o que a deixou cansada e ofegante. Para completar o quarto do rapaz era o ultimo de um grande corredor rustico . As madeiras do chão entoavam junto aos saltos de Cammie uma sincronizada batida abafada. Ela o leva até o quarto e se joga na cama, ainda recordava-se das tardes em que passavam ali a conversar.
Kent observa a cena calado, isto incomodava a garota, era insano de mais, Kent sempre fora conversador, agora apenas a fitava feito um marginal .
Ela levanta-se e caminha ate estar frente a ele, seus olhos percorrem a curva rígida de seu maxilar.
- Quem és tú ? - Sua voz soava calma, apesar do interior possuir um reboliço constrangedor.
- Sou quem tú pediu que eu fosse Cammie . - A garota se assusta com a repentina fala do rapaz, não achava que ele proferiria algo a ela.
Sáb Dez 26, 2015 8:30 pm por Mackenzie A. Irvine
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